TODO CÂNCER DE MAMA É HEREDITÁRIO?
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a maior parte dos casos de câncer de mama é esporádico, ou seja, não há história familiar ou mutação genética. Somente cerca de 10% dos cânceres de mama estão associados a mutação genética.
Dentre os genes envolvidos, os principais são o BRCA1 e BRCA2, responsáveis por cerca de 30% dos tumores mamários hereditários. Além de aumentar o risco para câncer de mama, a mutação nesses genes aumenta também a predisposição ao câncer de ovário, caracterizando a chamada Síndrome de predisposição ao câncer de mama e ovário hereditários.
Esses genes são supressores de tumor e agem corrigindo erros que ocorrem na divisão celular, evitando que o organismo produza células defeituosas. Quando estão mutados, permitem que células anormais se multipliquem, levando à formação dos tumores. Quem possui uma das mutações pode ter um risco de câncer de mama ao longo da vida de até 80% e de ovário de até 40%.
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TODOS DEVEM FAZER TESTE GENÉTICO PARA SABER SE TEM MUTAÇÃO PARA CÂNCER DE MAMA?
Em 2013 a atriz Angeline Jolie divulgou que havia feito teste genético, que veio positivo para mutação de BRCA1, um dos principais genes envolvidos em risco aumentado para câncer de mama e ovário. Ela fez o exame, pois sua mãe teve câncer de mama e posteriormente de ovário, vindo a falecer em decorrência deste. Por conta do risco aumentado para câncer de mama e ovário, Angelina fez a mastectomia profilática e depois a ooforectomia (retirada dos ovários).
O teste genético deve ter indicação médica. Isto porque, como conversamos no outro post, apenas 10% dos cânceres de mama são hereditários.
São indicações para a realização do teste genético:
- diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos
- câncer nas 2 mamas
- mutação genética conhecida na família
- 1 ou mais familiares de primeiro grau (mãe, irmãos, filhos) com câncer de mama antes dos 50 anos
- 1 ou mais familiares com câncer de ovário em qualquer idade
- câncer de mama em homem na família
- 2 ou mais familiares com câncer de mama e/ou pâncreas em qualquer idade
É importante realizar um aconselhamento antes e após o exame, para que sejam discutidos quais os achados esperados, o que pode ser feito com eles e interpretar o resultado.
Os testes estão bem disponíveis hoje em dia, com preços acessíveis, mas ainda assim, não recomendo que todos façam. Conhecemos apenas algumas mutações genéticas que sabemos que estão realmente relacionadas a câncer de mama e ovário, porém, existem algumas que conferem risco intermediário ou que têm significado indeterminado e frente a alguma dessas alterações, podemos aumentar a ansiedade da mulher, mas não ter muito o que fazer para reduzir o risco.
POR QUE FAZER TESTE GENÉTICO?
Como já conversamos antes, não é todo mundo que tem indicação para fazer o teste. E mesmo quem tem indicação precisa ser bem orientado sobre os resultados e o que pode ser feito.
Frente a um achado de mutação genética, é realizado um cálculo do risco que a pessoa tem de desenvolver o câncer de mama e/ou ovário ao longo da vida. Com esses dados, podemos oferecer medidas redutoras de risco, ou seja, condutas que podemos tomar para reduzir o risco de câncer. Que foi o que a Angelina Jolie fez.
Para o câncer de mama, pode ser oferecida a mastectomia profilática, que é a retirada de cerca de 90% das glândulas mamárias, acompanhada de reconstrução, se a paciente assim desejar. Esse procedimento reduz o risco de câncer de mama em até 90%.
Uma outra opção é o uso de medicações, mas que promovem uma redução de risco menor do que a cirurgia.
Em relação ao câncer de ovário, pode ser oferecida a salpingooforectomia, que é a retirada das trompas e dos ovários.
É importante ressaltar que nada disso precisa obrigatoriamente ser feito. A paciente pode optar por fazer somente um acompanhamento mais de perto. E caso opte por realizar os procedimentos, existe época certa para realizar cada tipo de intervenção. Daí a importância da orientação pré e pós teste.
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